Quando a urina fala: entenda a importância da proteinúria
Descubra o que é a proteinúria, suas causas e a interpretação clínica desse importante achado laboratorial. Aprenda como a proteinúria pode revelar estados patológicos graves e a necessidade de intervenção terapêutica. Compreender esse sinal do corpo é essencial para um diagnóstico preciso.
ANÁLISES CLÍNICAS
Dr. Marconi Rego
1/10/20252 min read


O que é proteinúria?
Proteinúria é a presença anormal de proteínas na urina. Em indivíduos saudáveis, a excreção de proteínas na urina é mínima (normalmente <150 mg por dia), pois a membrana glomerular retém a maior parte no sangue. Desse modo, apenas uma pequena quantidade de proteínas, as de baixo peso molecular, passa pelos capilares, da membrana basal para o filtrado glomerular. Uma fração desta é degradada e outra reabsorvida pelos túbulos proximais, restando uma parte muito pequena que se somam às proteínas produzidas no trato geniturinário para serem excretadas na urina.
A principal proteína encontrada na urina normal é a albumina, devido ao seu baixo peso molecular. Outras proteínas são as microglobulinas séricas e tubulares, a proteína de Tamm-Horsfall (dos túbulos) e proteínas das secreções prostáticas, seminal e vaginal.
A dosagem de proteínas na urina pode ser feita por meio da urina de 24 horas ou ainda pela relação da proteína urinária/creatinina, cujos valores > 0,3 sendo considerados anormais. A albumina pode ser mensurada, sendo considerado o valor de até 30 mg/dia considerado normal; entre 30 e 300 mg/dia considera-se microalbuminúria, e acima de 300 mg/dia de albuminúria grave. É importante também avaliar se a presença de proteínas na urina vem acompanhada de outros indicadores, como hematúria e determinados cilindros. A presença de excesso de proteínas na urina pode indicar disfunção renal ou outras condições clínicas, sendo a análise da presença de outros achados fundamental para a conclusão diagnóstica.
Quais as causas da proteinúria?
A proteinúria pode ter causa fisiológica ou patológicas. São causas fisiológicas:
a) exercício físico intenso;
b) febre alta;
c) estresse emocional;
d) exposição ao frio;
e) insuficiência cardíaca;
f) ortostática (postural).
Já as de ordem patológicas podem ser de caráter renal ou não. As de caráter renal são:
a) causa glomerular: de ordem primária (p.ex. nefropatia membranosa, doença de lesões mínimas, glomeruloesclerose focal segmentar) ou secundária (p.ex. nefropatia diabética, pré-eclâmpsia, glomerulonefrite pós-infecciosa como a estreptocócica, nefrite lúpica, amiloidose);
b) causa tubular: síndrome de Fanconi, necrose tubular aguda, nefrite tubulointersticial, doença renal policística, exposição a substâncias tóxicas e a metais pesados, graves infecções virais
As de caráter não renal tem como causa inflamações, infecções, mieloma múltiplo (proteína de Bence Jones), síndromes mielodisplásicas, gamopatia monoclonal, leucemia monocítica aguda.
Referências:
Strasinger and Di Lorenzo. Urinálises e Fluidos Corporais, 5ª edição.
KDIGO 2021. Clinical Practice Guideline for the Management of Glomerular Diseases. Kidney Int 100(4):Supplement, S1-S276, 2021.